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sexta-feira, abril 30, 2004

O Bill Morreu parte 2 

Não obstante ainda não ter tido tempo para rever o último delírio cinéfilo do Tarantino, quero deixar desde já duas ou três considerações, as quais estarão naturalmente sujeitas a revisão após o novo visionamento.

1. É impossível não sentir alguma simpatia pelo Bill. O tipo é um facínora da pior espécie, mas tem estilo. E foi motivado por dor de corno, o que é algo que a maior parte dos gajos (as?) percebe. Além disso, quem é capaz de tecer aquelas considerações sobre o Super Homem merece a sua quota parte de redenção.

2. A Uma Thurman é simplesmente deliciosa. A vingança é-lhe, por certo, devida, o que não lhe retira uma parcela significativa de cabra. Não só despedaça o coração do Bill em duas ocasiões, como por fim também o castra (ou pelo menos assim parece, com o reembainhamento da espada. Freud, com certeza, explica). Ouch. Mamba Negra, sem sombra de dúvida.

3. A Daryl Hannah está maravilhosamente irreconhecível. Pala no olho e destilar veneno por cada poro. Ao mais alto nível.

4. Não se aconselha este filme a claustrofóbicos. Não digam que não avisei.

5. O Pai Mei faz-nos voltar aos místicos Jovens Heróis de Shaolin. Que saudades dos efeitos sonoros fatelas e das claras violações às leis da Física.

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O Bill morreu. 

"There are consequences to breaking the heart of a murdering bastard. You experienced some of them."

Absolutamente brilhante. O Tarantino excedeu-se. Faz-se aqui a vénia devida.

Vou ver o filme mais uma vez e depois armo-me em crítico de cinema.

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quinta-feira, abril 29, 2004

Não havia necessidade... 

Hoje dei por mim a escrever "A Unidade refere que o programa tem sido um sucesso, conseguindo boa penetração e um pricing muito competitivo."

As coisas que um gajo faz por dinheiro.

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terça-feira, abril 27, 2004

Ufa! 

Isto dos blogs dá trabalho! Ele é sitemeters, ele é comentários, ele é trackbacks.... Devia era haver gajas, isso sim.

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segunda-feira, abril 26, 2004

Sobre a dificuldade da despedida 

Acontece-me frequentemente nos últimos tempos, especialmente à noite quando não há barulho e fecho os olhos, voltar à noite de 9 de Janeiro de 2004. Aquele farrapo ali deitado foi em tempos o meu avô, o homem que poderia ter sido fadista mas que por força das circunstâncias e das insistências da minha avó se tornou inspector dos Correios. Por ser mais seguro.

Várias décadas de fumo tiraram-lhe os pulmões. Os médicos conseguiram dar-lhe quatro anos de vida, com qualidade importa dizer-se, mas por fim a merda do cancro acabou por o vencer. Definhou em nada no espaço de um mês, sem que alguém pudesse fazer o que quer que fosse. Deu-nos um último Natal.

Ficou gravado na minha memória a imagem daquelas últimas horas, magro, olhos empastelados, sem perceber o que se passava à volta dele. Cada respiração parecia ser a última, vinha a aflição, o estertor e o desejo que descansasse de vez, que algo pusesse um fim à dor. Fui-me embora com a plena consciência que seria a última vez que o via vivo. Se é que se pode chamar aquilo viver.

Morreu sem que eu lhe pudesse dar a alegria de o convidar para o meu casamento, de me ver ter um filho, de saber que, de alguma forma, algo dele continuava.

É estúpido, cruel e não faz sentido. E dói como ao raio.

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sábado, abril 24, 2004

Big Brother is watching! 

Cambada de chibos! Um gajo já não pode estar simplesmente a arrotar postas de pescada para o espaço, basta fazer um link, coisa pouco poderia pensar-se, e é catado com a boca no trombone. Não me parece bem.

Não há disclamers nesta merda dos blogs. Está mal! Alguém deveria dizer “não ponham links no raio da página porque há uma merda de um programa desleal, delator, traidor, infiel, javardo (para outros insultos carregar em shift + f7) que vos trama em menos de nada”.

Eu deveria processar alguém. Partir para a violência física. Realizar espancamentos aleatórios. Tenho uma estranha vontade de comer uma tosta mista.

Um abraço ó Serras. Por ora a coisa fica só entre nós. Se for para dizer a mais alguém aviso.

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sexta-feira, abril 23, 2004

Foda Divina 

Não deixa de ser interessante a postura da Igreja Católica em relação a algo tão simples (?) como o sexo. Pelo pouco que julgo perceber a única função admitida pela dita Instituição para o acto é a reprodutiva. Não são admitidos métodos anticoncepcionais para além da famosa “marcha a trás” e algo que tem a ver (acho) com flutuações da temperatura do colo do útero. Métodos aliás reconhecidos pela sua extrema eficácia. Ah, e sem anilha no dedo não há truca truca.

Ou seja, a função sexual humana é reduzida, na óptica da Santa Sé, ao seu componente estritamente biológico, sendo qualquer desvio desta perspectiva punível por uma eternidade a arder em fogo lento (Talibans roam-se de inveja, o nosso Deus é “mais mau” que o vosso! Grrr!). De forma mais simplista ainda, ou te comportas como um cão (com coleira entenda-se, cães sem coleira não podem foder que é proibido) ou então vais directo ao Inferno.

As nossas quecas têm então de estar enquadradas nos dogmas estabelecidos pelo Vaticano. As minhas pinocadas têm de ser abençoadas pelo Senhor, e tenho de deixar a decisão se quero ou não procriar nas mãos d’Ele. Qual livre arbítrio, qual carapuça. Vais sem borrachinha e é se queres.

Parece-me inteiramente razoável.

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quarta-feira, abril 14, 2004

A Religião Católica (na óptica dos Monty Pythons, in "the Meaning of Life") 

There are Jews in the world, there are Buddhists,
there are Hindus and Mormons and then
there are those that follow Mohammed -but-
I've never been one of them.
I am a Roman Catholic
and have been since before I was born,
and the one thing they say about Catholics is
they'll take you as soon as you're warm.
You don't have to be a six-footer.
You don't have to have a great brain.
You don't have to have any clothes on, you're
a Catholic the moment dad came
...Because...
Every sperm is sacred,
every sperm is great,
If a sperm is wasted,
God gets quite irate. (2x)
Let the heathens spill theirs,
on the dusty ground.
God shall make them pay for
each sperm that can't be found.
Every sperm is wanted,
every sperm is good.
Every sperm is needed,
in your neighborhood.
Hindu, Taoist, Mormon,
spill theirs just anywhere
but God loves those who treat their
semen with more care.
(misc choruses)
Every sperm is useful,
every sperm is fine.
God needs everybodies,
mine, and mine, and mine.
Let the pagans spill theirs
on mountain hill and plain.
God shall strike them down for
each sperm that's spilled in vain.
(misc. choruses and finale)

E pronto. Gosto especialmente do "you're a Catholic the moment dad came".

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terça-feira, abril 13, 2004

O burro amarrado 

De facto não o está. Já o esteve, por diversas vezes diga-se, umas mais que outras. Agora pasta livremente mas não deixou de ser burro.

Não sei qual das condições é a melhor. A liberdade pode ser aterradora se não soubermos como lidar com ela, e os burros necessitam ter quem lhes diga o que fazer, onde pastar, o que comer. Faz parte da sua natureza.

São demasiado burros para viver de outra forma.

Quando lhes cortam as amarras, para o bem e para o mal, tendem a ficar perto do sítio onde estiveram presos, a tentar comer o pasto que não lhes pertence e a lamentar o facto de já não terem a corda ao pescoço. Bicho estúpido o burro.

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Ab initio, se é que é assim que se escreve 

Um primeiro de uma série. Tem de começar por algum lado. Não que tenha muito para dizer, mas digo-o à mesma, nem que seja para ouvir o som da própria voz. Acho que me faz falta.

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