Burro Amarrado

Estou só de passagem...
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É verdade. Vou de férias (isto para quem ainda não tinha dado por isso apesar do continuo choradinho das últimas semanas). Só volto lá para Setembro, o que, manifestamente, me parece demasiado cedo...

Mas vou pensar em todos vós, seja imerso nas águas cristalinas do Faial a tirar fotografias aos peixinhos ou posteriormente nas praias do Cabo de Santa Maria, onde o desporto favorito passa por avaliar o quão bem assenta um determinado biquini num determinado traseiro.

Como é bela a vida no campo.

Prometo, a quando do meu regresso triunfal (já ouço a fanfarra), continuar a discursar longamente sobre coisas sem a mínima importância e, quiçá, inaugurar novas rúbricas de elevadíssimo teor cultural do tipo "o Burro propõe", "as gajas que eu comeria se elas me deixassem" e "o que verdadeiramente me chateia é". Ou então não, logo se vê.

Para todos um grande bem haja. Portem-se mal.

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Estou convencido que a minha verdadeira vocação é ser intelectual de esquerda. Mas como deve de ser. Sentado à beira da piscina no belo do Monte Alentejano a discursar longamente sobre a opressão das classes trabalhadoras enquanto uma jovem eslava em trajes de criada francesa me enche o copo de tinto tirado da minha adega particular.

Ah, isso sim.

Poderia manifestar todo o meu repúdio por esta sociedade consumista e pouco solidária, criticar a venda dos centros de decisão nacionais aos espanhóis e cagar sentenças sobre como melhor ajudar os pobrezinhos.

Garanto-vos que tinha jeito para a coisa.

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Ele há coisas que me chateiam. Entre elas está não saber dizer toumeacagarparaisto em chinês. Dava-me jeito, porra. Convenhamos que largar um sonoro e terapêutico toumeacagarparaisto limpa a alma, mas é precisamente nas alturas que mais falta faz que não se pode. Em grego também dava.

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Sem mais nem menos vem-me à ideia uma música do meu passado (e do passado de quem tem idade para isso, ainda se lembra que a televisão só tinha dois canais, bla, bla, bla).

Dartacão, dartacão, la, la la, la, la...

Que saudades que eu tenho de Dartacão.

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Mas que porra! Será que este gajo não tinha nada de mais interessante para fazer? Com a merda da teoria que o tempo é relativo, os três dias que ainda me restam a aturar malucos parecem uma eternidade!

E, como é obvio (e por culpa de outro paspalho chamado Murphy), chovem merdas às toneladas para resolver antes da tão ansiada partida.

Foda-se!

Caguei. Ó pra mim no Sábado a beber o belo do gin tónico chez Peter’s. Muito Zen.

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Não há pachorra. Estou mesmo a precisar de férias.

A saturação é tal que as normais demonstrações de estupidez que populam as nossas ruas se tornam ofensivas. Aquelas conversas banais, cheias de lugares comuns e opiniões mal fundamentadas, falácias de argumentos ou grunhice pura e simples resultam numa vontade quase incontrolável de espancar os intervenientes.

Calam-se porra!

Guardem a merda das vossas patéticas opiniões para vocês, que me incomodam. São estúpidos que nem portas, não percebem um corno das coisas que vos rodeiam, mas persistem em largar postas de pescada de forma a que todos ouçam. Se calhar até nem dão por isso, o que apenas demonstra o grau de imbecilidade.

Vão morrer longe!

Não ser rico é uma merda.

A minha capacidade de filtragem está a dar o berro.

Sinto a necessidade imperiosa de fazer um shutdown sensorial ou isto ainda dá merda.

Enfim, t minus seven days and counting.

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Acabei de ver na televisão (várias vezes e em todos os canais, com brilhantes entrevistas à mistura, vulgo ficou sem casa, tem trinta e cinco crianças, cinco avós doentes, um cão paraplégico e um gato com tendências sociopáticas, como é que se sente - esta é a minha favorita -, o que é que vai fazer) um prédio a cair em plena Lisboa.

Há quem diga que a culpa é do Governo. Há quem culpe a Câmara. Outros atiram a responsabilidade para cima do senhorio (entra a polémica da antiga/nova lei do arrendamento, mas não estou com pachorra para me meter nisso). Haverá ainda quem diga que foi obra do Demo ou do casal de pombos no pinocanço em cima do telhado, esses tarados (o prédio não estaria projectado para aguentar tamanha agitação ou intervenção maligna, por ordem inversa, ou não, conforme se queira).

Depois lá vem a história dos impostos que pagam e da forma inteligente como os mesmos são aplicados (estádios de futebol para equipes profissionais anyone?) e como o Estado é um chulo, não paga juros sobre os montantes que deve, que presta maus exemplos em termos de prazos de pagamento, incumprimento de leis laborais e outras tretas que tal.

Eu quero deixar bem claro que a culpa é o Newton.

Se não fosse pela história da maçã, a merda do prédio ficava como estava e já não havia esta confusão toda. Atinem-se pá.

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Mas porque será que as mulheres derivam tanto prazer de tornar as nossas vidas mais complicadas? Porquê um discurso tão críptico? Para quê tantas indirectas? Ainda por cima sabem que nós somos básicos, que temos uma capacidade (muito) limitada para perceber entoações de voz e linguagem corporal.

Sádicas de merda.

Quando eu descobrir uma que me facilite a vida, caso-me com ela. Desde que seja boa, claro está.
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Ele há sítios assim. Que deixam saudades. Estou mesmo farto de aturar estes gajos.

Daqui a duas semanas vingo-me.


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