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terça-feira, setembro 21, 2004

O Burro propõe 

Enceto hoje aqui uma nova rubrica, ou área de reflexão se assim preferirem, destinada a abordar assuntos prementes da nossa realidade e, quiçá, até oferecer soluções para alguns dos males que amaldiçoam a sociedade dos nossos dias (ou, pelo menos, que me chateiam pessoalmente, o que, claramente, é de muito maior importância).

Começo então pela necessidade imperiosa de elencar algo que eu vou denominar bloqueadores de conversa. Muito se fala de desbloqueadores de conversa, pequenos truques que se utilizam para interromper silêncios embaraçosos em ocasiões semi-sociais, estilo o tempo está muito estranho ultimamente, viste o jogo de ontem ou aquela gaja tem um par de mamas que até mete impressão.

Poderá ser importante em certas situações.

Mas, para mim, mais importante ainda é evitar o contacto casual com pessoas nitidamente sem interesse e que, por razões que só a elas assistem, decidem, à força, interagir connosco, impondo de forma incivilizada a sua indesejada presença na nossa esfera de atenção.

O que fazer então?

A primeira ideia que me surge é imediatamente espetar-lhes um selo nas trombas. Embora eficaz, este método poderá ser cansativo e pouco higiénico, sem falar em todas as outras implicações menos importantes associadas a uma resposta destas. Em alternativa temos então:

1. Imprimir uma série de cartões com a frase “Você é o elo mais fraco. Adeus.”, entregando o dito papelinho ao imbecil que decidiu meter conversa.

2. Quando abordados em plena rua, começar a revirar os olhos e a falar em idiomas estranhos. Fazer uma pequena pausa de vez em quando para abanar o idiota pelos ombros enquanto se grita “O Fim está próximo!”.

3. Começar a ladrar enquanto se agarra a perna alheia, simulando o coito. Bom para beatas.

4. Começar a correr na direcção oposta enquanto se berra “a minha mãe não me deixa falar com estranhos”.

5. Coçar repetidamente uma área do corpo à escolha, com um ar de desconforto óbvio, enquanto se diz, entre dentes, que o médico achava que não era contagioso.

6. De imediato postrar-se no solo (de preferência em direcção a Mecca), aparentemente rezando enquanto se entoa “Morte aos Infiéis!”.

7. Pedir dinheiro emprestado.

8. Olhar fixamente para a testa da besta com um ar assustado e dizer que não é nada quando nos perguntam o que se passa.

9. Começar a chorar enquanto se diz “ninguém gosta de mim”. Perguntar se o animal quer ser nosso amigo enquanto nos assoamos às mangas da sua camisa.

10. Correr em círculos à volta do pacóvio, a grasnar tipo ganso enquanto se finge levantar voo.

Experimentem e depois digam-me como correu.

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